O submarino Titan dependia de uma planilha do Excel digitada à mão
Novas revelações sobre o funcionamento do submarino Titan, da OceanGate, trouxeram à tona um procedimento operacional surpreendente: as coordenadas da embarcação eram registradas manualmente em um caderno, depois inseridas em uma planilha de Excel e, só então, carregadas em um software de mapeamento. Esse processo era usado para rastrear a posição do submarino em um mapa desenhado à mão dos destroços do Titanic, conforme divulgado pelo The Verge.
Sistema de navegação manual no submarino Titan
O método de navegação e rastreamento do submarino Titan, que realizava expedições aos destroços do Titanic, dependia de uma sequência de procedimentos manuais. As coordenadas geográficas eram inicialmente transcritas à mão em um caderno e, posteriormente, transferidas para o Excel. A planilha, por sua vez, era carregada em um software de mapeamento que, surpreendentemente, utilizava um mapa desenhado à mão dos destroços como base para rastrear a localização do submarino.
Essa prática levanta preocupações quanto à precisão e confiabilidade dos dados, especialmente para uma operação tão sensível e arriscada. O uso de ferramentas manuais e mapas desenhados à mão, em vez de sistemas de navegação modernos e digitalizados, pode ter introduzido vulnerabilidades significativas na segurança e no controle da localização do Titan durante suas operações subaquáticas.
Colisão e problemas anteriores
Além do questionamento sobre a confiabilidade do método de rastreamento, surgiram informações sobre um incidente ocorrido seis dias antes da implosão fatal do submarino. Segundo a Associated Press, o Titan colidiu com uma antepara do mecanismo de lançamento durante a tentativa de ressurgir de seu mergulho 87. A causa foi um mau funcionamento do tanque de lastro, que inverteu a embarcação, fazendo com que os passageiros caíssem dentro do submarino. Ninguém se feriu, mas o evento chamou a atenção para possíveis falhas operacionais. O ex-diretor científico da OceanGate, Steven Ross, revelou que não sabia se uma inspeção foi realizada após o incidente, o que levanta ainda mais dúvidas sobre os protocolos de segurança da empresa.
Falta de inspeção e fragilidades na operação
A ausência de uma inspeção formal após um evento tão sério quanto uma colisão envolvendo o submarino Titan só amplifica as preocupações sobre a fragilidade das operações da OceanGate. O testemunho de Ross, citado pelo The Verge, revela que a tripulação e os operadores do submarino não tinham certeza se a integridade do Titan foi verificada antes de realizar novos mergulhos, o que pode ter sido um fator determinante no acidente.
Os novos detalhes, combinando o uso de métodos manuais para rastreamento e a falta de controle rigoroso após incidentes críticos, desenham um quadro alarmante sobre as práticas adotadas pela OceanGate durante suas expedições de alto risco ao Titanic.
Segurança comprometida em operações submarinas
De acordo com The Verge e a Associated Press, esses relatos reforçam as crescentes críticas sobre as condições de operação do submarino Titan e a capacidade da OceanGate em garantir a segurança dos passageiros. A combinação de processos manuais e uma possível negligência em revisões técnicas pode ter contribuído diretamente para o desastre, que culminou na implosão da embarcação e na morte de todos os seus ocupantes durante uma das expedições mais arriscadas aos destroços do Titanic.
Fontes:
Texto: The Verge Associated Press
Imagens: Olhar Digital CNN Brasil